sábado, 21 de setembro de 2013

Fazendo a memória ainda viva.


Lembrar de meu avô não é difícil, pois foram tantas coisas boas que passei ao lado, foram tantos ensinamentos que ele me deixou e que repassei aos meu filhos, e um deles foi dar valor ao trabalho.

Lembro-me sempre de quando ia aos finais de semana para a Ponta da Serra e ia para a Olaria ouvindo o Vô dizer como aquele lugar era bonito e que nos dava sustento e de seus trabalhadores, pois nunca foram seus empregados e sim seus trabalhadores, assim, acho eu, ele se sentia mais próximo deles e fazia com que nós, seus netos, também se sentissem próximos a eles. Sempre que estavam fazendo tijolos eu ia mexer com o barro. Como era gostoso... Me lambuzava toda, e o Vô ria, pois ele achava bonito o jeito que brincávamos... Depois, tinha a caixa d'água para nos lavarmos.

Era tão bom acompanhar o Vô, acompanhar todo o seu caminho, e as pessoas o cumprimentando, e eu, a neta de Zé Valdevino, ficava cheia de orgulho, porque as pessoas gostavam de mim também. Aliás, até mesmo quando fui a última vez para a Ponta da Serra em 2010, as pessoas enchiam os olhos de lágrimas ao me ver, pois lembravam dele e me diziam o quanto ele era um homem bom. Eu sempre soube de sua bondade, de seu carinho, porque mesmo sem ele ser aquele homem que ficava falando "eu te amo", ele dizia essas palavras com o seu olhar, com seu jeito e principalmente com seu sorriso. E quantas vezes eu fiquei feliz em chegar na Ponta da Serra e seu sorriso dizer "Eu te amo", quantas vezes ele, sem abrir a boca, dizia: "Filha, vem cá me abraçar" e eu saia correndo pra abraçá-lo, era tão bom! Lembrar dele é bom demais, pois me dá forças pra educar meus filhos, ensiná-los a respeitar o próximo independente se o conhecem ou não.

Eu, minha mãe e meus irmãos não tivemos só bons momentos no Crato e na Ponta da Serra, sei disso, mas os momentos bons sempre superaram os ruins. E a lembrança dos meus avós sempre superou as coisas ruins que passamos.

Por causa de meu Avô estudamos em uma ótima escola, por causa dele também aprendemos a nadar, e ainda por causa dele fiz minhas aulas de canto e de teatro e que me deixaram muito alegre! Uma das maiores felicidades que eu tenho em meu coração é a lembrança de ver meu Avô, junto com minha Mãe e a minha Avó, assistindo a uma apresentação do Pequeno Coral lá no Teatro e mais uma vez o sorriso dele me falando "eu te amo". Como foi bom!

Bem, lembrar dele sempre vem junto a lembrança da Vó e de Titia também, pois não consigo vê-los separados, não consigo vê-los longe um do outro e o amor que todos nós temos por eles, vai ser eterno.

Daniela Medeiros de Brito.

Foto: Junior Brasil

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

RUMO AO CENTENÁRIO



Quem é José Valdevino? Quem foi?Um homem importante? Pra mais? Pra menos? Para quem? Para quê?

José, assim chamava sua esposa, Quinquinha, Francisquinha. Ele era um homem de grande valia, grande sabedoria. Lembro-me quando fui embora do Crato estudar em Recife, costumava escrever-lhe cartas falando sobre minha vida, os estudos e ele sempre  respondia elogiando a forma como eu me expressava, mas sempre aproveitava o momento para me orientar em relação aos  erros de português. Nunca esqueci uma carta em que ele corrigiu-me sobre as formas de tratamento da pessoa, dizia que eu misturava muito. Sua sabedoria era grande, diversificada, fazia chegar ao seu povo o mais necessário "o cuidar das pessoas na sua atenção básica". Povo que ele liderava de forma humana, justa e ponderada. Atendia as pessoas que o procuravam por uma ajuda, fosse essa no campo espiritual, político, na saúde e na educação, onde foi forte combatente. Lutou pela melhoria do povo, do lugar de forma mais precisa. Tenho saudades sempre dele, da minha mãe, da minha tia, três figuras que não vejo de forma separada na minha lembrança, na minha saudade. Grande pai, grande figura.
Graça Valdevino (Nenen)